
Danilo Reis é Economista, Mestre em Contabilidade e Finanças,
Professor de Finanças relação risco x retorno
é um dos temas mais estudados e difundidos na teoria de finanças.
Mas, como ter a certeza de que os números analisados das empresas são fidedignos? Bom, as empresas que decidiram abrir capital na bolsa de valores, dando oportunidade de investidores ganharem dinheiro com elas estão obrigadas a publicar as suas demonstrações financeiras, que são altamente reguladas por órgãos de controle, a exemplo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Além disso, os próprios acionistas que têm interesse direto em seu desempenho exigem transparência nos negócios realizados. A estas boas práticas de gestão o mercado denominou de Governança Corporativa.
Além dos interessados diretos os stakeholders*, também são agentes fiscalizadores das empresas. Por exemplo, os consumidores que estão insatisfeitos com um determinado produto danificado e buscam meios amigáveis e/ou jurídicos de reaver o dano. Mais recentemente temos o caso da contaminação de lotes de produção do suco Ades, produto altamente recomendado por suas características nutritivas. A imprensa deu grande ênfase ao problema e em menos de dois dias os produtos saíram das prateleiras dos supermercados. Certamente a Unilever, proprietária da marca Ades, contabilizará prejuízos e seus investidores passarão a decidir sobre o futuro da empresa. Vender ou manter o investimento? Certamente esta análise levará em consideração não só os números financeiros, mas se há credibilidade da marca para reverter a imagem negativada com um evento isolado.
Recentemente uma empresa tem causado repercussão no mercado de varejo e atraído diversos pequenos investidores. Mas, ao contrário da compra de ações da empresa como ocorre na bolsa de valores, o investidor para entrar no negócio é obrigado a comprar um pacote VOIP, que é um sistema de comunicação via internet, pouco difundido no Brasil, para obter rendimentos por postagens de propaganda do produto na internet e com a revenda do produto.
O Ministério da Fazenda se manifestou em nota oficial que afirma haver ao menos três irregularidades na prática adotada pela TelexFree, uma delas é a configuração de pirâmide financeira, estratégia de venda ilegal. Friso aqui que o objetivo deste artigo não é o de analisar a legalidade das práticas da empresa, mas o risco deste investimento. A Teoria de Finanças de Aversão ao Risco demonstra que os investidores, agindo com racionalidade econômica, sempre estarão dispostos a investir na melhor possibilidade de retorno com o menor risco.
O que vem a ser racionalidade econômica? De forma simples afirmo ser a análise do potencial de retorno do investimento. Em outras palavras, saber o quanto se pode ganhar e perder ao optar por um tipo de investimento.
O mercado tem tipificado os investidores em três perfis: Conservador, Moderado e Agressivo. O conservador é o investidor que não está disposto a correr riscos e normalmente aplica os seus recursos em poupança e outros investimentos de renda fixa (como fundos de investimentos, CDB e títulos públicos). O Moderado é o investidor que já passa a assumir um pouco de risco, investe a maior parte dos seus recursos em renda fixa e compõe a sua carteira de investimentos com ações. O Agressivo está disposto a correr mais riscos e não hesita em colocar a maior parte dos seus recursos no mercado de renda variável (ações, opções, etc.). Este último, dada à condição de maior risco, tem maior probabilidade de maiores ganhos ou perdas.
Basicamente, considero três aspectos mínimos na análise de qualquer investimento:
1ª. A situação financeira da empresa;
2ª. O produto;
3ª. A credibilidade no mercado.
A TelexFree não disponibilizou as suas informações financeiras e portanto não há como avaliar se o investidor está antecipando o investimento inicial a uma instituição sólida que tenha potencial de retornar o capital e proporcionar ganhos ao investidor, e se estes retornos ocorrerão no curto, no médio e/ou longo prazo. O seu produto tem sido considerado incerto pelos próprios investidores, muitos alunos meus que investiram dizem nunca ter usado o produto adquirido, o que gera dúvida quanto à continuidade da empresa. Os dois pontos obscuros anteriores somados à incerteza da legalidade da empresa, como afirma o Ministério da Fazenda, apontam para um descrédito, numa análise econômica racional.
Contudo, estima-se que a TelexFree já movimentou este ano mais de R$ 300 milhões e mesmo depois das investigações iniciadas pelo Ministério Público Federal, pela Polícia Federal e pelo Ministério da Fazenda, continua a crescer o número de pequenos investidores, que na minha ótica tipifico-os como Agressivos ao Extremo.
A nomenclatura stakholder é utilizada pelo mercado para se retratar aos demais interessados em uma empresa, como funcionários, consumidores, ONG’s, fornecedores, etc.
Fonte: Photossintese
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